Cordeiros de Páscoa e almas despreocupadas
- Antonino Spoto
- 13 apr 2017
- Tempo di lettura: 2 min

A campanha social mais na moda nas últimas semanas é sobre os cordeiros. Os media sociais são repletos de chamadas para rejeitar a tradição da Páscoa de comer carne de cordeiro, equipadas - é claro - com imagens ternas (o pequeno cordeiro de atitude efusiva) ou sangrentas (o cordeiro ao matadouro).
As pessoas que por trabalho correm atrás do sentimento popular não perderam a oportunidade de um consenso fácil. Berlusconi comprou ( "adotou", diz ele) cinco cordeiros com quem fez-se filmar dando leite de garrafa no jardim de uma de suas mansões. O presidente da Câmara dos Deputados, Boldrini, teve dois trazidos nos salões históricos do palácio da Câmara para uma sessão de fotos.

Afinal, você sabe, os italianos são sentimentais (mesmo os muitos que iriam vender sua alma se encontrar um comprador e mesmo aqueles que já encontraram o comprador): pizza e bandolim, "anema e core" (alma e coração), a mãe é sempre a mãe. Eles gostam de derramar algumas lágrimas, mostrar-se ternos de coração.
Mas a moda tem algum sentido? Tem uma base racional?
Provavelmente os ternos de coração imaginar que o cordeirinho - sobrevivendo a Páscoa – vai pular feliz nos prados por trás da ovelha mãe. Nada poderia estar mais errado. Criar ovelhas tem um custo. Se faz com fêmeas, que como adultas tornam o leite; mas os machos são inúteis, são abatidos de qualquer maneira. A abstenção na Páscoa só vai determinar o colapso dos preços e o destino da carne para outros usos (alimentos industriais ou para animais). Se permanente, então, a abstenção vai tornar a criação de ovelhas menos conveniente: haverá menos e seu leite vai custar mais. Uma parte da produção e consumo irá mover-se para vacas e vitelos.

A campanha não salva os cordeiros, cria as condições para ele não existir mais. Não é um grande resultado, eu acho.
A não ser que você seja vegano e defenda precisamente a cessação de todas as atividades de produção e consumo de produtos de origem animal. Mas essa é outra história, mais complexa. Que não tem nada a fazer - eu acredito - com a maioria daqueles que nestes dias vão postando apelações sobre os medias sociais; e, em seguida, vao comprar a comida enlatada (várias carnes) para o gato.

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