A pizza e a classe dominante saqueadora
- Antonino Spoto
- 28 gen 2017
- Tempo di lettura: 2 min

Vamos ao jogo da classe dominante saqueadora?
Eu pego qualquer coisa, digamos escovar os dentes. E começo a dizer que é algo importante, vital pela saúde do povo.
Logo vou fazer uma lei, bonita e detalhada. Estabeleço que é preciso uma licença, após um teste, no final de um curso obrigatório. Finalmente, estabeleço um monte de formalidades. E voila! O jogo é feito! Eu pareço ter trabalhado para o povo, mas de verdade preparei um espólio rico: empregos e salários (comissões, professores e auxiliares, funcionários e quadros responsáveis pelas formalidades) e poder de chantagem (legislação obtusa e complexa e sanções desproporcionais pelas quais eu posso fechar os olhos em troca de subornos e favores).
Você diz que não gosta deste jogo? Mas nós jogamos todos os dias! Tome por exemplo, dois projetos de lei (no Senado da Itália, mas tenho certeza que vocé pode encontrar o semelhante no Brasil). Para fazer a pizza é preciso uma licença, após passar em um exame, depois de participar de um curso de formação. Tudo vai ser gerenciado por associações reconhecidas por um Ministério. E tudo isso ... para promover a pizza na UNESCO (eu juro! Diz assim nos atos do senado!).
Você está rindo? Está pensando na remuneração e nos privilégios que os senhores da classe dominante irão embolsar, sentando nos cargos das associações, atuando como comissários e professores?

Está pensando no poder de chantagem que eles irão ter depois de ter tomado a pizza como refém?
Mas você tem pensamentos malvados!
E porque dois projetos? Óbvio: há um de direita e um de esquerda; iguais! Você está pensando em quem vai pagar por tudo isso? Bem, o consumidor: taxas que os fabricantes de pizza irão pagar e depois descarregar sobre o preço.
Houve um tempo em que as coisas eram claras. A classe dominante - chamada aristocracia – saqueava de cara, sem subterfúgios. Então veio a democracia, a igualdade, o Estado de direito e todas essas coisas. Em alguns países, elas foram levadas a sério: a classe dominante teve que parar (ou quase) de saquear. Mas em outros países os ladrões apenas mudaram de métodos. De aristocratas se tornaram políticos e burocratas.

E inventaram as instituições extrativistas, as que transformam o erário público no ATM dos saqueadores (Daron Acemoglu e James A. Robinson, Why Nations Fail).
É fácil distinguir os países atrasados; são aqueles com um número desproporcional de leis, uma burocracia inchada e uma classe política que só se preocupa com a divisão dos cargos. Isso soa familiar?

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